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Especial de Halloween: O maior medo do pesadelo de Emaline

  • 31 de out. de 2024
  • 14 min de leitura

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Olá! ♡


Vamos de bônus do universo de Cem chances no Halloween? 🔮🎃


Este especial é narrado em três etapas e cada etapa tem um narrador diferente, mas todo o texto já está disponível aqui nesta página. Ah, preciso dizer: a última etapa é dolorosamente curta, mas pode ser também o pontapé para algo muito maior que esse bônus...


Curiosidade: o início desse especial era, na verdade, um capítulo de dia dos namorados que eu me esqueci de postar (aparentemente, eu sempre esqueço de postar os bônus de dia dos namorados). Para a minha sorte, boa parte do que tinha desenvolvido cabia na ideia que eu queria explorar no bônus de Halloween, então vocês vão poder ver um pouquinho de como começou o romance dos pais de Killian e Jonathan.


Boa leitura!



C A R L A P A S C A L

A minha realidade sempre foi escassa. Nunca recebi afeto da minha família, que nunca teve muito dinheiro e, por consequência, nunca me proporcionou uma vida de muitos luxos. Apesar disso, os bens materiais não se elencavam como minha maior carência – e, a partir de certo ponto, o amor dos meus pais deixou de ocupar o topo dessa lista para ser substituído pela esperança.


Eu era cética: não conseguia me imaginar fazendo parte de nenhum contexto diferente daquele em que cresci, me criei e, ainda que a contragosto, me habituei. O que mais me faltava e tinha sua ausência sentida era a esperança de que, em algum ponto de virada, a vida seria menos uma sequência infindável de dias e mais algo que valia a pena.


Aos vinte anos, eu contabilizava zero oportunidades de mudar esse cenário. Minha preocupação era, mês atrás de mês, conseguir pagar as contas para ter um teto e comida na geladeira. Às vezes, era uma missão que oscilava na corda bamba entre o difícil e o impossível. Eu me esforçava ao máximo para sobreviver, dividida entre um trabalho fixo, vários trabalhos informais e poucas horas de sono, que eram constantemente invadidas pela incerteza das semanas seguintes. Não havia espaço, tempo ou disposição para vencer na vida se eu mal vencia um dia depois do outro. Ainda assim, eu gostaria de conseguir acreditar que as coisas seriam diferentes, mas até isso a vida tirou de mim.


No meu aniversário de vinte e um anos, algo a mais foi arrancado de uma Carla Pascal que já tinha tão pouco. Naquele dia, eu enterrei a minha mãe. Enterrei aquela mulher que nunca teve instintos maternos, que nunca transbordou o amor que dizem que todas as mães têm, mas que também nunca me desamparou.


Eu fui fruto de uma gravidez indesejada, mas ela nunca mencionou isso perto de mim. Descobri através do meu pai, que a abandonou nos primeiros meses de gestação e participou da minha vida com nada além de pensões atrasadas, muitas vezes negadas, e com palavras duras proferidas nas poucas vezes em que se fazia fisicamente presente.


Ela não me amou, mas cumpriu sua obrigação de mãe. Ele nunca cumpriu as obrigações de pai. Então, quando a enterrei, eu chorei pensando que deveria ter sido ele. Chorei também por me sentir uma pessoa ruim por pensar nisso. E chorei porque, a partir daquele momento, cresceram as incertezas que já me tiravam o sono.


Aquela era a minha primeira semana trabalhando como garçonete na Moon Moon. Fui trabalhar com os olhos inchados e a mente distante. Minha nova chefe percebeu e, em vez de me repreender, conversou comigo, entendeu o que estava acontecendo e me ofereceu alguns dias para o luto. Claro: esses dias seriam descontados do meu pagamento no fim do mês.


Não podia me dar ao luxo de abrir mão de um centavo sequer, então recusei a proposta. Durante as manhãs e tardes, continuei trabalhando na lanchonete. Às noites, continuei me dividindo entre uns bicos aqui e ali. Para meu luto, reservei apenas as madrugadas insones, as lágrimas nos banhos rápidos e os trajetos demorados entre ponto de partida e destino final.


Com o passar dos dias, o choro perdeu frequência, bem como a distração – que, se não fosse controlada, teria a demissão como resultado. Minha chefe era compreensiva, mas somente até certo ponto.


Então, quando nenhum erro a mais seria tolerado, aconteceu.


Eu estava levando um pedido a uma mesa ocupada por três homens. Equilibrava a bandeja ao lado do corpo enquanto tentava me lembrar do pedido de cada um deles. Ao pegar o último prato e deixá-lo à frente do cliente, eu me dei conta: ele tinha pedido a salada que acompanhava o hambúrguer sem cebola, mas ali estava o prato cheio delas.


Antes mesmo de soltar o prato, tentei puxá-lo de volta para a bandeja, já com os olhos arregalados e a certeza de uma repreensão a caminho.


— Me desculpe — eu peço, ainda olhando os aneis de cebola espalhados sobre a salada e projetando, neles, a sensação de observar meu nêmesis. — Acho que esqueci de anotar a observação do seu pedido. Já vou resolver isso.


— Não tem problema — ele respondeu, alcançando o prato no meio do caminho de volta à bandeja. Com delicadeza, tomou-o da minha mão e o devolveu à mesa. Olhei para seu rosto pela primeira vez e vi o sorriso gentil nos olhos azuis antes de percebê-lo nos lábios. — Assim está ótimo.


Minha primeira reação foi fechar os olhos para sentir a onda de alívio que invadiu meu corpo pelos ouvidos. Em seguida, ofereci o primeiro sorriso verdadeiro das últimas semanas.


À medida que meu sorriso cresceu, o dele foi perdendo força, e seus olhos grandes ficaram um pouco arregalados. Apertei os lábios, sem jeito, ao que me percebi a causa dessa reação.


Sempre me disseram que eu fico ainda mais bonita quando estou sorrindo, mas nunca tive muitos motivos para sorrir. Ainda assim, e apesar de nunca ter dado muita importância a isso, eu já era ciente do efeito que sou capaz de causar nas pessoas.


Em vez de prolongar aquele momento, tão pequeno que sequer foi percebido pelos outros dois clientes na mesma mesa, eu fiz um gesto com a cabeça e recuei com a bandeja vazia.


Naquele mesmo dia, enquanto servia outras mesas, eu percebia as olhadelas tímidas das íris azuis encantadas por mim, mas tentei não retribuir a nenhuma delas.


Não sabia sequer se o achava atraente; minha vida tinha tão pouco espaço para qualquer coisa além dos trabalhos e das preocupações que eu não me permitia nem mesmo ponderar a possibilidade de perder tempo com paixões e relacionamentos.


Então, durante os dias seguintes, eu também não quis reconhecer a ansiedade que sentia sempre que a sineta acima da porta anunciava a entrada de um novo cliente, seguida pela decepção de nunca me deparar com aqueles olhos que sorriram para mim com tanta gentileza e admiração.


Por uma semana inteira, ele não voltou à Moon Moon, mas eu seguia escondendo de mim mesma o anseio de revê-lo, e o fazia tão bem que por vezes até conseguia acreditar que não existia.


Então, sete dias depois, a sineta finalmente soou em um anúncio do retorno de quem tanto quis reencontrar.


Ele parou, ainda segurando a porta aberta, quando me viu. Sorriu, desta vez com nervosismo, e coçou a testa em um gesto ainda mais afetado. Os cabelos lisos e escuros estavam perfeitamente alinhados, mas ele ainda assim tentou arrumá-los ainda mais.


Então, sem dizer nada, se dirigiu à mesma mesa que ocupou uma semana antes.


Daquela vez, ele estava sozinho. Quando levei o cardápio até ele, não olhou para as opções. Continuou olhando para mim.


— Oi — disse.


A voz era bonita. Ele também era.


— Oi…


O silêncio que se seguiu era desconfortável. Sorri, com nada além da cordialidade ensaiada, antes de começar a recuar:


— Vou deixar você ver o cardápio. Pode me chamar quando escolher.


Ele continuava olhando para mim.


— Vou querer o hambúrguer clássico com salada — ele pediu exatamente a mesma coisa da última vez.


Interrompi meus passos, peguei o bloco de notas dentro do bolso do avental e anotei o pedido. Desta vez, adicionei a observação: sem cebola – mesmo que ele tenha esquecido de solicitar.


Levei o pedido à cozinha e esperei, ansiosa, que ficasse pronto. Foi rápido, apesar de ter parecido uma eternidade, e lá fui eu: com a bandeja em uma mão e o coração na outra.


Assim que coloquei o prato à frente dele, percebi seu sorriso.


— Sem cebola. Você lembrou.


— Você comeu toda a cebola da última vez, mas percebi que não o fez com muita alegria. Quis recompensar.


— Você estava prestando atenção em mim?


— É o meu trabalho — menti. Ele não se afetou por isso.


— Seu nome é Carla? — perguntou depois de descer os olhos até meu broche de identificação. — Me chamo Dante.


— Seja bem-vindo à Moon Moon, Dante. Espero que goste do seu pedido.


— Ah, tenho certeza de que está bom como da última vez. Mas não foi pela comida que eu voltei aqui.


Meu coração palpitou. Foi uma sensação estranha, quase desconhecida.


Antes que ele pudesse verbalizar o que já estava implícito, uma cliente em outra mesa me chamou. Eu ofereci mais um sorriso educado e, antes de recuar, pedi:


— Com licença.


Mordisquei meu lábio assim que virei as costas para Dante. Eu me incomodei com a sensação em meu peito, um quê de ansiedade com irritação por ser forçada a trabalhar quando, na verdade, queria ficar e ouvir aquele homem dizer em voz alta o motivo de ter voltado. Mas, assim como tantos outros luxos, esse era um que eu não poderia ter: o de ignorar a realidade para satisfazer minhas vontades.


Então, me aproximei da mesa no outro lado do salão. Estava ocupada por uma só pessoa, uma mulher com muito mais idade que eu – mas não velha o suficiente para ter tantos cabelos grisalhos.


As rugas finas em seu rosto foram realçadas pelo sorriso que exibiu quando seu olhar cruzou o meu. Sorrio de volta, em um gesto vazio, e entrego o cardápio que peguei no caminho da mesa de Dante até ali.


— Olá. Seja bem-vinda.


— Oi, Carla.


Minhas sobrancelhas se franziram em um gesto de estranhamento. Eu nunca a tinha visto antes, tampouco falado com ela. Ainda assim, ela sabia meu nome, e o verbalizou como se me conhecesse profundamente, e eu sentia que ela não viu meu nome no broche de identificação. Seus olhos não abandonaram os meus nem mesmo por um segundo.


— Oi — eu respondi, com o tom incerto, depois de me recuperar da reação inicial. Apesar de ter certeza da resposta, perguntei: — Já nos conhecemos?


Ela balançou a cabeça para os lados em uma negativa calma. As mãos seguravam o cardápio que entreguei, mas os olhos pairavam apenas sobre os meus.


— Você não me conhece, criança.


Sua resposta não deveria me provocar surpresa alguma, visto que eu a antecipei em minhas certezas. Ainda assim, o seu tom fez um arrepio percorrer a minha espinha, mas a expressão que se formou em meu rosto não foi o suficiente para derrubar o sorriso dela ou dissuadi-la de falar ainda mais:


— O homem daquela mesa…


As palavras ficaram soltas no ar que nos cercava. Não houve um complemento e, na verdade, sequer um indício do que ela queria dizer. Eu apenas sabia que ela estava se referindo a Dante.


— O que tem ele? — perguntei, com a curiosidade maior que o receio diante de um comportamento tão incomum.


— Vocês não fazem ideia do que o amor de vocês vai provocar no mundo.


Olhos arregalados não eram mais o suficiente para expressar minha reação, que se espalhou também em tons de vermelho pela face. Eu senti minhas bochechas quentes, mas não consegui entender se era resultado de constrangimento ou irritação.


Quando percebi, estava olhando ao redor, talvez em busca de alguma testemunha para aquelas palavras, talvez em busca de alguém para me resgatar. Ninguém estava perto o suficiente.


— Amor? — Sozinha, então, tentei me libertar daquela situação. — Eu acabei de descobrir o nome dele. Não existe amor algum, senhora.


Ela respondeu com o tom casual:


— Ainda.


Meu peito se expandiu em uma tentativa de fazer caber o ar que puxei. Eu estava, sim, irritada.


— Eu vou deixar a senhora avaliar o cardápio. Me chame quando se decidir. — Ou vá embora de uma vez, quis dizer, mas tive cautela o suficiente para manter as palavras como pensamento.


— Carla. — Meu nome deixou aqueles lábios assim que virei as costas para ela. O tom era mais sério.


Hesitei em me virar, mas acabei cedendo a um desejo incoerente de ouvir o que mais ela tinha a dizer. De frente para aquela mulher de cabelos grisalhos, encontrei seu olhar ainda fixo ao meu, mas o sorriso já distante. Sua seriedade repentina me deixou em alerta.


— Eu te pediria para evitar isso…


— Evitar o quê? — eu a interrompi, percebendo quão exaltada estava.


— Dante. O futuro de vocês. Mas não posso te impedir de experimentar a felicidade.


Àquela altura, irritação era pouco. Eu estava transtornada. Como ela tinha a coragem de dizer tantos absurdos a uma completa estranha, sugerindo que eu amava alguém que acabara de conhecer, que esse mesmo alguém seria capaz de me fazer experienciar algo que sempre pareceu tão distante?


Minha vontade já não era apenas expulsá-la dali. Era também expulsar Dante, o coitado, que não tinha responsabilidade alguma sobre aquilo.


— Se a senhora não vai fazer um pedido… — Tentei com o máximo de sutileza que cabia em mim, mas não pude terminar.


A mulher ficou de pé e se aproximou de mim com passos lentos. Quis recuar, mas algo me prendia exatamente no mesmo lugar em que estava.


Diante dos meus olhos arregalados, ultrajados, ela disse:


— O nome dele vai ser Killian, não é?


Nenhum movimento voluntário teve reflexo no meu corpo, mas meu coração bateu mais forte. Killian. Muito tempo antes, quando ousei fantasiar sobre um futuro impossível com uma família feliz, pensei que aquele seria um bom nome – um bom nome que ficou escondido no fundo da minha mente, longe dos meus pensamentos mecânicos, sob os escombros dos sonhos que nunca ousei ter.


Antes de ir, aquela mulher me deixou com uma última sequência de palavras que jamais imaginei ouvir:


— Vocês serão uma família feliz, Carla. Você, Dante e Killian. Nunca deixe Killian se esquecer de que pode ser feliz, não importa o que aconteça. Não importa o que ele perca.


Minha única reação àquela última declaração foi a absoluta falta de ação.


Meu corpo estava paralisado e minha mente, como um disco arranhado, repetia incansavelmente aquelas palavras.


Elas me assombraram por anos.


Me assombraram quando me percebi irreversivelmente apaixonada por Dante. Quando entendi que o amava.


Me assombraram quando Killian nasceu.


Durante todo aquele tempo, entre uma pausa e outra, nem sempre engatilhadas por algum motivo, as mesmas palavras voltavam a ecoar em minha mente. Durante todo aquele tempo, eu acreditei que aquela mulher, que nunca voltou a me contatar, era capaz de ver o futuro e tinha narrado o meu diante dos meus olhos.


Eu acreditei… até descobrir que ela estava errada.


Porque ela me disse que seríamos uma família feliz. Eu, Dante e Killian. E nós éramos felizes, sim. Mas nunca estávamos destinados a ser apenas nós três. Nas supostas previsões, faltava alguém.


Quando segurei meu caçula nos braços pela primeira vez, eu soube que aquela mulher não via o futuro coisa nenhuma.


Se visse, como teria sido capaz de não antecipar a chegada de Jonathan?


F L O R A P U P O


Observar a família Pascal Angelo começou a se tornar uma obsessão que eu tinha dificuldade de reconhecer como tal e, ainda que parte de mim o fizesse, não existia nenhum átomo do meu corpo tentando nadar contra a corrente da curiosidade que aquelas quatro pessoas despertaram em mim.


Curiosidade e, como em poucas vezes na minha vida, medo…


Era uma tarde de inverno quando me aproximei da lanchonete que passei a visitar com estranho empenho e com uma frequência quase intolerável.


Minha filha, a única que tive, percebeu a mudança no meu comportamento. Começou quando tive a primeira visão de Carla Pascal, Dante Angelo e o filho que teriam juntos. Nesta mesma ocasião, vi tudo que ele seria capaz de fazer, senti a dor que faria morada naquele coração jovem, que sequer tinha chegado ao mundo, e soube que precisava impedir, mas não deveria. Ter acesso ao futuro não fazia direito meu intervir nele. Aprendi isso com a idade e com todos os erros que cometi em meus longos anos de vida, mas principalmente com as consequências deles.


Um aviso, então, foi o limite que ousei ultrapassar… mas, em meu lugar de espectadora do futuro, tornei-me também espectadora do presente. Comecei a frequentar a Moon Moon uma vez por ano, sempre em um dia em que sabia que Dante Angelo estaria lá para ver Carla Pascal, mas o fazia longe dos holofotes, longe dos seus olhos jovens e cada vez mais apaixonados, permitindo que as largas janelas da lanchonete separassem a minha curiosidade do amor que, pouco a pouco, florescia ali.


Então, Killian nasceu, e o receio por trás do que aquela criança seria capaz de provocar apenas alimentou as minhas observações silenciosas, preocupadas. Ele era pequeno, tinha olhos azuis grandes e gentis, cabelos muito lisos e muito escuros. Tímido desde que ainda era incapaz de saber o que isso significava e, ainda que ninguém mais soubesse, com um destino doloroso, irremediável, escrito pelas mãos de um universo que eu sabia que ele não seria capaz de vencer.


Eu sabia que Dante Angelo morreria. Sabia que Dominic Himalia, nascido um ano antes de Killian, também deixaria este mundo cedo demais. E sabia que Killian tentaria impedir as duas mortes. Sabia, antes mesmo do seu nascimento, quanta dor suas tentativas guardariam em seu peito sem que ele se lembrasse da origem delas, pobre criança…


Era sempre no mesmo dia do ano.


Sempre num 21 de outubro.


Nos outros dias, eu voltava à minha vida pacata, monótona, dividida entre meu longo passado, meu presente enfadonho e o futuro que vinha a mim até mesmo quando não era solicitado. Voltava a dedicar meu tempo às minhas netas, Estela e Luna, sabendo que a mais nova das duas acabaria envolvida no caos provocado pela criança da família que sentava sempre na mesma mesa da mesma lanchonete.


Ah, que destino cruel aguardava aquela família…


Eu conseguia ver tudo tão claramente…


Então, algo aconteceu. Algo que não veio a mim nem mesmo em visões turvas, desconexas, apesar de como havia me ligado àquelas três pessoas.


Carla Pascal estava grávida mais uma vez.


Eu a vi naquele 21 de outubro, quando Killian já tinha mais de três anos, com a barriga de muitas e muitas e muitas semanas.


Voltei na semana seguinte.


Depois, na que sucedeu aquela.


Em mais uma.


Já era novembro quando Carla, Dante e Killian pararam de aparecer na lanchonete.


Soube, não pelo dom que o universo concedeu a mim, que a criança tinha nascido. Foi uma funcionária da lanchonete quem me disse a verdade que nem mesmo tentando fui capaz de descobrir.


Eu nunca soube que aquela segunda criança nasceria.


Em minhas visões, Killian era o único fruto do amor entre Dante e Carla. Eu via o futuro dos três, mas nunca vi ninguém mais. Não havia ninguém mais.


Como aquilo estava acontecendo?


Algo como aquilo não acontecera nem mesmo quando mais nova, inexperiente, sem saber lidar, controlar e amplificar o estranho poder que nasceu comigo. Nunca aconteceu. Era a primeira vez.


Então, minhas observações se tornaram mais frequentes. Eu precisava saber o que estava acontecendo, com olhos ainda mais atentos sobre aqueles quatro, mas especialmente sobre o que chegou ao mundo por último, desavisado.


Vi o mais novo, descobri se chamar Jonathan, crescer. E, pela primeira, tudo era uma grande surpresa, uma incógnita com a qual eu não sabia lidar. Eu sabia o futuro daquela família, mas não sabia o amanhã daquela criança.


Eu não conseguia entender o motivo…


Eu nunca consegui entender o motivo…


Mas eu consegui entender o peso que passei a carregar. Eu entendi que era medo.


Porque Killian me preocupava.


Mas Jonathan… Jonathan Pascal Angelo me assustava.


J O N A T H A N


17 de novembro de 2024.


O dia em que completei 20 anos.


O dia em que as minhas certezas sobre o impossível se tornaram frágeis.


O dia em que a minha vida mudou.


F I M

(ou será o começo de algo?)



Espero que me perdoem por esse final kkkkkk...


Me contem: quais são as suas teorias?


Vocês gostariam de ler uma história sobre Jonathan (e, claro, sobre Mateo)? Espero que sim, porque tenho planos de compartilhar com vocês... ainda não sei se vai ser aqui pelo blog ou por outro lugar, mas, a princípio, ela será compartilhada online, capítulo a capítulo como nos velhos tempos!


Ah: muitas respostas para os mistérios do universo de Cem chances estão no terceiro livro, que está em pré-venda até 21 de novembro. Clique aqui se quiser completar sua trilogia ou aqui se quiser completar a trilogia e garantir o box em capa dura pra guardar os livrinhos (lembrando que a pré-venda é a única chance de garantir todos os brindes exclusivos!!).


Beijos e até a próxima! ♡

 
 
 

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15 comentários


Membro desconhecido
09 de jul.

Eu quero saber o que acontece com o Jonathan agoraaaaa. Que loucura cara

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Membro desconhecido
27 de jun.

ruth, você é do mal, como termina um especial assim????? volte com o resto, por favorr, te amo e amo tudo que vc escreve, seria muito legal uma historia sobre o jonathan!


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Membro desconhecido
06 de mai.

Olá ruth, como vai ?

gostaria de saber sobre hemisfério, não sei se você já falou algo sobre ela.. gostaria mt que voltasse com a diva.

enfim, espero que se cuide!!

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Membro desconhecido
31 de jan.

Preciso de continuação!!!! Estou ansiosa pra entrar novamente no universo de CC, ainda mais pela perspectiva do meu fofoqueiro favorito! Ai como eu tava com saudades desses personagens 🥹🥹🥹

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Membro desconhecido
06 de nov. de 2024

mdss!!! amei conhecer um pouco mais sobre a Carla! a Flora me dá calafrios kkkkkkkk

seria muito bom uma história do Jonathan e do Mateo!!

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