Bônus: Um bolo solado, por favor
- 19 de mai. de 2024
- 11 min de leitura

Olá!
Esse é o primeiro bônus inédito que estou trazendo pra casinha oficial do ruthverso. Nele, vamos matar a saudade de vários dos nossos personagens favoritos (e conhecer melhor um dos novatos!).
Boa leitura!
Atenção: o bônus a seguir pode conter spoilers para quem não concluiu a leitura dos livros Eros, Cem chances e O beijo de Libra.
NOVA EASTON
BOLOS DO HARU
HARU
6 DE JUNHO
Eu não consigo explicar muito bem o que está acontecendo neste exato momento, mas, honestamente, não estou preocupado com isso.
Entender uma situação que beira o absurdo deixa de ser a prioridade quando a gente está diante da pessoa mais bonita do mundo.
— Haru… — Juno me chama. Quando olho para ele, uma nota de correção atravessa minha mente de imediato: a pessoa mais bonita do mundo depois de Juno.
Não existe ninguém mais bonito que ele.
— Oi. — Minha resposta é acompanhada de um sorriso tonto e apaixonado, tão óbvio que arranca uma risada dele.
Juno chega mais perto, dá um beijo no meu ombro e fala baixinho, só para mim:
— Dá pra perceber você encarando, bebê…
Eu olho mais uma vez para o cara sentado em uma das cadeiras da minha confeitaria, depois torno para Juno.
— Qual é mesmo o nome dele? Eu esqueci.
— Dominic. — Ele apoia os braços sobre o balcão que nos separa dos demais e olha para a frente enquanto força uma expressão borocoxô. — Como foi que você esqueceu o nome do cara por quem parece tão interessado, hein, Haru?
Um discurso de defesa pousa na ponta da minha língua, mas eu percebo quão falso é o tom dele, e todas as palavras são transformadas em uma risada alta.
Cubro a boca com a mão assim que percebo alguns olhos voltados para mim, então Juno ri do meu constrangimento e dá mais um beijinho no meu ombro.
— Você nem se sente mal por secar outro cara… — Ele insiste no drama, mas o riso só diminui a credibilidade do seu teatro bobo.
— Ele tem sardinhas, covinhas e… como é que chama a cor daqueles olhos? Ele é muito bonito. Não tem como não olhar.
Juno inspira com um quê dramático, e, antes que possa retrucar, eu concluo:
— Tenho certeza de que você também ficaria olhando se não estivesse admirando o namorado dele.
O ultraje de Juno, dessa vez, é muito genuíno. Seu tom de voz se reduz a um sussurro inconformado:
— Eu não estava admirando o Killian! Ele nem faz meu tipo.
— Ah, eu achei ele uma gracinha. E fofo com essa carinha brava. Qual é o seu tipo, então?
— Você. Só você. Apenas Haru Goo.
Contraio os meus olhos em um gesto desconfiado, e palavra nenhuma é necessária para que Juno inspire de novo, do mesmo jeito dramático, antes de sentir a necessidade de compartilhar comigo:
— Ok. Eu estava admirando, sim.
Eu rio de novo, mas, dessa vez, com o cuidado de não permitir uma gargalhada tão sonora quanto a anterior.
— Como é possível um casal ser tão bonito? — ele pergunta, inconformado.
— Nós também somos lindos, hyung.
— Obviamente. Mas nós somos um ponto fora da curva. É estranho saber que existem outras pessoas tão bonitas.
— É verdade…
Nós dois voltamos a olhar para a frente, avaliando os clientes que nos forçaram a abrir a confeitaria no único dia de folga que eu teria durante a semana.
— E eles? — pergunto, usando o queixo para apontar para um casal em outra mesa. Acho que estão assistindo a alguma coisa pelo celular desde que chegaram. De vez em quando eles se assustam, outras vezes caem na risada.
— Nicolas — Juno aponta para um, depois para o outro — e Juliano. Certeza que estão assistindo a algum filme de terror péssimo. Eles adoram.
— Nós também gostamos de filmes ruins.
— Inclusive, podemos ver um quando chegarmos em casa mais tarde, né?
— Por favor! Tô com saudade de ficar agarradinho com você na frente da televisão…
— A gente fez isso ontem, bebê.
— Mas ainda não fez hoje!
— Um argumento muito válido. Quer que eu coloque todo mundo pra fora? Aí a gente volta pra casa mais cedo.
— Não. — Minha atenção viaja até uma terceira mesa. Nela, apenas três das quatro cadeiras estão ocupadas. Então, relembro: — Ainda falta um chegar.
— Ah, sim. O tal do Lino.
A minha surpresa é genuína. Juno é impressionante.
— Já decorou os nomes deles também? — pergunto, admirado.
Ele é lindo, esforçado e esperto. Sou tão sortudo…
— Vem cá. — Ele me chama e me puxa mais para perto, com a mão na minha cintura, alheio à admiração que enche meus olhos enquanto o observo. Então começa como se tivesse recebido uma missão importantíssima: — A bonitona de cabelos cacheados? Maria Fortuna.
— Bonitona mesmo… — digo, sem precisar olhar para ela. Continuo olhando para Juno e o rostinho lindo dele. Até faço carinho na orelha, sobre o piercing que ele sempre fica repuxando quando está nervoso, e ele sorri com o gesto, mas continua:
— A de óculos e corte mullet? Maria Laura. Maria Fortuna não vai com a cara de Maria Laura desde que eram crianças, mas Maria Laura acha Maria Fortuna linda.
— Ok…
— E aquele ali é Pedro Gabriel, irmão de Maria Laura. Maria Fortuna também não vai com a cara dele, não. E o que tá faltando é…
Antes que Juno conclua sua aula sobre os novatos, a sineta acima da porta de entrada é acionada, e todo mundo olha na direção do recém-chegado.
— Não tá faltando mais — Juno se corrige enquanto o cara de cabelos bem curtinhos puxa a última cadeira livre e se senta entre Pedro e Maria Fortuna. — Esse é Lino, ex-namorado de Pedro Gabriel.
Agora, minha atenção recai exclusivamente sobre o quarteto e sobre o desconforto óbvio que contamina o ar em torno deles.
— O clima ali tá bem pesado… — Minha constatação é feita em voz alta, e a única solução na qual consigo pensar é verbalizada logo em seguida: — Vou levar um bolinho pra eles.
— Seus bolos resolvem qualquer problema, bebê. — Juno dá o terceiro beijinho no meu ombro e, enquanto se afasta, anuncia: — Vou ver se os outros querem mais alguma coisa.
Antes de seguir à tarefa à qual me propus, eu guardo alguns segundinhos para admirar a imagem de Juno enquanto ele segue até as mesas com o andar confiante de quem sabe exatamente o que está fazendo. Porque, bem, ele é confiante e também sabe o que está fazendo depois de tanto me ajudar aqui nos dias de folga.
Apesar das dificuldades que ainda enfrentamos aqui e acolá, eu amo a nossa vida. Amo como ele adora a confeitaria e amo saber tudo sobre o trabalho dele como modelo, assim como amo vê-lo sempre estudando e se aperfeiçoando em tudo que se propõe a fazer.
É curioso fazer um paralelo entre o Juno que me encantou à primeira vista e o Juno que compartilha a vida comigo hoje. Eles são tão diferentes, mas ainda têm tanto em comum...
Sem pensar muito, eu pego meu celular e faço um registro fotográfico do meu marido no salão da minha confeitaria. Mais um de vários.
Depois de apreciá-lo em segredo, eu sigo à mesa dos novatos com a expressão mais leve e receptiva que consigo sustentar. Assim que paro diante deles, Maria Fortuna sorri para mim, e automaticamente devolvo seu gesto com um sorriso.
— Oi — é tudo que digo por um instante.
— E aí? — Pedro Gabriel é o único a responder verbalmente, enquanto os outros três apenas oferecem mais sorrisos.
— Aceitam alguma coisa? É por conta da casa.
— Com certeza. — Dessa vez, é Lino quem responde. — Fiquei com medo de não conseguir comer nada por ter me atrasado. Não costumo me atrasar, aliás. Sou muito pontual. Mas tive um imprevisto. Desculpa. Eu adoraria alguma coisa doce. Aceito recomendações.
Lino me impressiona já no primeiro contato.
Como é possível falar tantas palavras em tão poucos segundos?
Acho que, além de supostamente pontual — característica em que eu nem sei se acredito —, ele é tagarela.
Uso toda a força que cabe em mim para cobrir a expressão surpresa com um novo sorriso educado.
— Sem problemas. O bolinho de morango é o favorito do meu namorado... marido. Mas temos um bolinho de limão em formato de cacto que também vende muito. Ele é em formato de cacto por causa dos nossos cactos.
Acho que eu também sou um pouco tagarela, ou talvez só aproveite todas as oportunidades para falar de Juno, Keanu, Regina e Gominho.
— Eu pego o de morango e você o de limão? — Lino pergunta, olhando para Maria Fortuna. — Aí eu provo do seu, e você do meu.
— Não — Maria Fortuna anuncia sem qualquer peso na consciência, ao que Maria Laura dá uma risada. A inimizade entre elas parece unilateral. — Eu já dei uma olhadinha no cardápio. Vou querer o bolinho de chocolate mesmo.
— Que qualidade de melhor amiga…
— Eu peço o de limão — Pedro interrompe a lamentação de Lino, que olha para o ex-namorado com uma expressão esquisita de surpresa, incômodo e, juro por Deus, saudade. — E você prova do meu.
O silêncio que se segue é constrangedor. Lino, que parecia tagarela, subitamente não dá sinal de ter nada a dizer, e, enquanto os outros três olham para ele, eu olho para Pedro. A expressão dele é, para ser bem sincero, difícil de ler. Ele não é o tipo de pessoa muito expressiva, e não sei se o jeito como ele mexe no piercing do septo antes de mexer no piercing da sobrancelha deveria ser indicativo de alguma emoção. Mas…
Se eu tivesse que arriscar um palpite, eu diria que, por trás da feição neutra demais, existe uma pontadinha de saudade também. Se eu estiver certo, eles claramente ainda se gostam, o que me faz questionar por que terminaram.
Minha história com Juno me faz entender que nem sempre o afastamento entre duas pessoas é resultado de falta de sentimento. Ainda assim, não consigo deixar de ficar curioso.
Finalmente, Lino responde:
— Pode ser.
Ninguém comenta sobre a demora esquisita antes de sua resposta, então eu que não vou falar sobre isso.
Apenas dirijo minha atenção para Maria Laura, a única que ainda não fez nenhum pedido.
— E você?
Ela empurra os óculos sobre o nariz, dá uma olhada furtiva na direção de Fortuna e depois volta a olhar para mim, com um sorriso pequeno.
— Vou querer o de chocolate, como Fortuna.
Isso foi um flerte. Eu com certeza flertaria assim com Juno. E Maria Fortuna reage ao suposto flerte como Juno reagia aos meus, lá no começo.
Meu sorriso cresce.
— Um de morango, um de limão e dois de chocolate. Bebidas?
— Não tem suco de mangaba, né? — Lino pergunta.
— O que é mangaba? — Eu devolvo quase de imediato.
— A melhor fruta que existe. E o suco de mangaba é o melhor suco que existe. Pode ser uma Coca-cola zero então.
— O mesmo pra mim — Pedro Gabriel aproveita o ensejo para anunciar.
Os ex-namorados se entreolham por um instante, e Lino desvia o olhar, logo em seguida, mas Pedro continua olhando para ele. Se até uma Coca-cola zero é motivo para gerar essa tensão entre eles...
Estou mais curioso a cada segundo.
— Também vou querer uma Coca zero — Fortuna anuncia, e Maria Laura diz logo em seguida:
— Vou querer o mesmo que ela.
Isso aí, Maria Laura!
Sem poder verbalizar meus pensamentos, eu digo apenas:
— Já trago seus pedidos.
No caminho de volta para trás do balcão, Juno me alcança, e eu sussurro para ele, incapaz de conter as percepções para mim:
— A mesa ali tá superconflituosa. Tô amando.
— Posso levar o pedido deles? Quero dar uma sondada na situação.
— Fofoqueiro…
— Você que começou a fofoca!
É a terceira gargalhada que foge de mim, e essa é alta como a primeira.
— Pode ir, hyung. Um bolinho de morango, um de limão, dois de chocolate. E Coca-cola zero pra todo mundo.
— Obrigado. Te amo. — Juno agradece antes de apressar o passo para organizar todos os pedidos dos novatos.
Espero que eles voltem aqui, depois do desfecho de suas histórias. Quero saber como tudo termina.
Por enquanto, a única opção que me resta é observar, e é isso o que faço. Mantenho a atenção fixada em Maria Fortuna, Maria Laura, Pedro Gabriel e Lino, o tagarela, até que uma voz desinibida preenche todo o ambiente.
— A gente não deveria interagir uns com os outros? — Nicolas pergunta. Acho que o filme que ele estava assistindo com Juliano acabou.
— Acho que era esse o objetivo, sim. — É Dominic quem responde.
Killian nem olha na direção de Nicolas. Continua recostado na cadeira, com as mãos nos bolsos do casaco de moletom. Não sei por que ele está vestindo isso se nem está frio.
— Sobre o que vocês querem falar? — Nicolas questiona, e o olhar dele viaja diretamente para Juliano.
A resposta do namorado vem em um tom muito mais contido:
— Queria saber seus signos.
— Eu sou de Leão! — Lino parece se empolgar com o assunto, ou talvez ele se empolgue com qualquer oportunidade de falar. — E você?
— Eu sou virginiano…
— O melhor virginiano do mundo! — Nicolas interrompe.
Juliano dá uma risada e conclui:
— E Nicolas é libriano. Meu libriano favorito. — Os olhinhos pretos dele se dirigem à mesa ao lado, ansiosos por descobrir o signo e, talvez, o mapa astral de todos aqui. — E você?
Killian não percebe que a pergunta é direcionada a ele até que recebe uma cotovelada de Dominic. Então, com notável desinteresse no assunto, ele coça a nuca e responde quase como se não quisesse ser escutado:
— Sou de Áries.
— Cruzes! — A reação de Juliano é tão genuína que ele nem sequer tem tempo para evitá-la.
— Cruzes o quê? — Killian pergunta com os olhos azuis perfurando a existência, a alma e as futuras lembranças que Juliano deixará na Terra.
Se eu fosse ele, me esconderia debaixo da mesa.
— Nada! A gente até tem um amigo que é de Áries, né, Nuno? — Juliano dispara em uma tentativa frustrada de corrigir a própria reação. — Miguel Santiago. Ele é muito gente fina e…
— Não precisa se explicar, Juliano! — A voz de Nicolas preenche todo o lugar mais uma vez, mas agora com uma entonação impaciente, que ganha força quando ele olha para o motivo da confusão: — Ele não gosta de arianos mesmo! Vai fazer o quê, seu gigante?!
— Nuno!
Eu arregalo os olhos aqui atrás do balcão. Será que vai terminar em briga? Espero que eles briguem lá fora… Acabei de renovar os móveis.
— Que saco ter que lidar com moleque em todo lugar que eu vou — Killian resmunga, leva outra cotovelada suave de Dominic e, logo em seguida, é repreendido com o tom mais doce que já ouvi:
— Gracinha…
Killian revira os olhos, enterra ainda mais as mãos nos bolsos do moletom e escorrega o corpo pela cadeira, mas não diz mais nada.
— É bom ficar calado mesmo! — Nicolas ainda provoca. Meu Deus. Se levar um peteleco de Killian, ele voa longe. Que coragem é essa? — Eu já botei o maior cara da escola pra correr. Não ache que você vai me intimidar, não!
— É brincadeira. O maior cara é Miguel Santiago, o nosso amigo — Juliano tenta apaziguar a situação com um sorriso desajeitado, e o tom de Nicolas se suaviza quando ele diz para o namorado:
— Mas eu botei ele pra correr…
Como se não tivesse medo da zona de guerra que se formou, Juno segue tranquilamente à mesa dos novatos com os pedidos. Quando retorna para perto de mim, pergunta com o tom baixo, mas divertido:
— Que confusão é essa?
— Não sei. Não quero mais essa gente aqui. Será que eles vão sair na porrada?
— Acho que não. Eu fui o único que meti soco em alguém. Quer dizer, era o único antes do novato.
— Como assim, hyung? Qual deles?!
Antes que Juno possa me responder, Lino levanta a mão, um pouco sem jeito, e diz olhando para nós:
— Oi, desculpa. Acho que meu bolo veio solado…
Eu troco um olhar com Juno, nós dois querendo rir. Nesse instante, já deixamos definido, no silêncio, que conversaremos sobre tudo o que aconteceu aqui quando estivermos sozinhos, agarradinhos no sofá do nosso apartamento.
E a única coisa que eu respondo para Lino é:
— Não tem problema. Até os nossos bolos solados são bons.
FIM
Agora que chegamos ao fim desse capítulo extra caótico, quero saber: ele foi o suficiente pra matar a saudade de Juno, Haru, Killian, Dominic, Juliano e Nicolas ou ainda precisamos de mais bônus?
Senti muita falta de Keanu, Regina e Gominho por aqui, mas fiquei com medo de colocar os 3 no mesmo ambiente que Nicolas e Killian hahahaha
Espero que tenham se divertido com essa leitura curtinha, e que ela tenha apresentado melhor, pelos olhos do Haru, a dinâmica entre os novatos do ruthverso.
Lino, Pedro, Fortuna e Laura são personagens de "Vinte dias de chuva" e "Vez atrás de vez", minhas duas novas histórias que estão em pré-venda (em um só livro!) até o dia 27. Que tal apoiar a pré-venda, garantir brindes exclusivos e se apaixonar também por esses 4?
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Ah, não se esqueça de dizer: que outro bônus você gostaria de ler aqui no blog?
Beijos e até a próxima!




Que saudades que eu tava de todos eles e da sua escrita!! Acho que só um bônus nunca será o suficiente, mas posso me contentar com esse, porque ficou incrível (como sempre) kkkkkk porém deixo claro que estrei aceitando mais sempre que você quiser escrever!! Muito obrigada por isso, Ruth 🫶🏻🥹✨️
QUE SAUDADE 😭😭😭
Precisamos de mais bônus, por favor!!
que saudade delesss 😭😭😭🤍🤍🤍🤍
Juno e haru os maiores fofoqueiros do mundo kkkkk
meu deus, eu amo tanto todos eles ❤️🩹❤️🩹❤️🩹 que saudade que eu tava 😭
nunca será suficiente, sempre é bom mais! eu adoraria 1 bônus focado no Dominic e Killian :( fico todo besta só de ver "gracinha" em qualquer lugar!!!